O uso de sobrenomes é uma prática que vem da Idade Média e era típica dos nobres, que mais tarde foi adotada pelos comerciantes e plebeus - pessoas que pertenciam à classe social mais baixa da sociedade.. Segundo a pesquisadora paulista Ondine Bruch, o costume se originou da necessidade que os grandes proprietários de terras sentiram de qualificar e identificar os seus filhos. “Por meio de um nome de família, queriam passar suas propriedades aos legítimos herdeiros, e não aos bastardos ou aproveitadores. Assim, também buscavam garantir que as gerações seguintes continuariam a exercer e usufruir do poder político local”, explica a pesquisadora. Logo, as outras classes sociais passaram a imitar os nobres, muitas vezes apropriando-se do sobrenome deles para se tornarem conhecidos em suas comunidades.
Os primeiros sobrenomes surgiram com o objetivo de melhor identificar pessoas e suas atividades. Na Europa era muito comum a atribuição de sobrenomes segundo características físicas ou profissionais de um indivíduo (Ex.: Ferreira, Grande, Machado) Com os processos de imigração e o desenvolvimento da sociedade com o surgimento de novas profissões, novos sobrenomes foram criados, sobrenomes originais foram modificados e em certos casos, dois ou mais sobrenomes foram combinados.
Eles foram criados para diferenciar os nomes repetidos - fato comum desde as culturas mais antigas. Os primeiros sobrenomes de que se tem notícia são os patronímicos - nomes que fazem referência ao pai: Simão Filho de Jonas, por exemplo. Esse gênero difundiu-se bastante na língua inglesa, em que há uma grande quantidade de sobrenomes que terminam em son (filho) - como Stevenson, ou "filho de Steven". Como esse método era limitado, alguns sobrenomes começaram a identificar também o local de nascimento: Heron de Alexandria. Eles se tornaram hereditários à medida que a posse das terras passou a ser transmitida de geração em geração. Por isso mesmo, nobreza e clero foram os primeiros segmentos da sociedade a ter sobrenome, enquanto as classes baixas eram chamadas apenas pelo primeiro nome. O último nome, identificando a família, era inclusive usado como "documento" na hora da compra e venda da terra, um luxo reservado apenas aos mais favorecidos. "Existem documentos de 1161 em que as pessoas citadas já tinham sobrenomes", diz a historiadora Rosemeire Monteiro, da Universidade Federal do Ceará. O costume se ampliou com a inclusão de características físicas e geográficas ou de nomes de profissões. Assim, o nome Rocha significa que o patriarca dessa família provavelmente vivia numa região rochosa. Silveira, por exemplo, vem do latim silvester (de floresta), que também deu origem ao popular Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário